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    Francisco Parreira: "Optei por um estilo clássico e de verdade que para mim é tourear de frente e cravar ao estribo"


    Francisco Parreira é um dos jovens cavaleiros tauromáquicos que promete vir para ficar. Apresentou-se como cavaleiro amador em 2013, tendo prestado prova de praticante este ano, numa temporada em que duas paragens forçadas não lhe tiraram o ânimo e muito menos o impediram de se apresentar na Praça de Toiros do Campo Pequeno.

    Protagonista de um toureio clássico e frontal, contrariando as 'modas' actuais, Francisco Parreira passou uma tarde com o NATURALES, dando-se melhor a conhecer e demonstrando grandes perspectivas para 2016.




    Esta foi a sua primeira temporada como cavaleiro praticante, que balanço faz de 2015?
    Sim é verdade, foi a primeira temporada como praticante... Infelizmente tive dois percalços durante a época, um que me impediu de tourear numa novilhada em Abiúl logo no mês de Abril, em que fraturei o escafóide e não tive hipótese de tourear, e o outro foi em Junho, que foi mais grave e me obrigou mesmo a suspender a temporada por ordem médica. Consegui reaparecer com ganas e voltou tudo ao normal graças a Deus, toureei oito corridas que correram bem e ainda realizei o sonho de tourear na primeira praça do país, o Campo Pequeno.

    E que diferenças sentiu entre a categoria de amador e a de praticante?
    Algumas, naturalmente que a exigência aumenta, o sentido de responsabilidade é maior. Enquanto que um cavaleiro amador tem uma maior margem de erro porque é "aprendiz", já para o praticante não é bem assim, sente-se mais responsabilidades. Eu tirei a prova de praticante quando achei mais adequado e me senti preparado para dar esse passo. Acho que o mais importante, e eu sempre tive essa preocupação mesmo enquanto cavaleiro amador, é em respeitar o público e os aficionados que pagam o bilhete, esses sim merecem todo o respeito. Também não defraudar quem me ajuda e dá a cara por mim, essa foi sempre a minha preocupação, sempre me preocupei em tentar fazer as coisas bem feitas para honrar a minha imagem e o nome da minha terra.


    Quando e como começou este sonho de ser cavaleiro tauromáquico?
    O sonho nasceu comigo, penso que a intuição nasce com as pessoas... Desde pequeno que sonhava ser toureiro, ia às corridas de toiros e sempre sonhei um dia ser cavaleiro tauromáquico.

    Desde que se iniciou e até final desta temporada, o bandarilheiro Ernesto Manuel e António José Duarte, foram os seus apoderados. Recentemente foi dado a conhecer que Pedro Penedo, coadjuvado por Tiago Amaral, passaria a gerir a sua carreira. Porquê esta mudança?
    Bem, como tudo na vida existem várias fases, planos e objectivos. Quando eu comecei, o Ernesto e o António Duarte ajudaram-me bastante. Eles fizeram o seu melhor para me ajudarem e fico bastante grato por isso mas agora estou numa "fase" em que necessitava de alguém que estivesse mais integrado no meio, daí essa opção do Pedro Penedo, que é uma pessoa séria e com dignidade na Festa e em quem eu deposito bastante confiança.

    Enquanto toureiro é por demais notória a sua inspiração no cavaleiro António Ribeiro Telles. É nele que revê o seu conceito de toureio?
    Sim, é verdade. Eu nunca quis imitar ninguém, preocupei-me sempre em criar o meu próprio estilo mas é verdade que me inspiro bastante no Maestro António em tudo. Sempre segui os seus bons exemplos, não só pelo grande toureiro que é como pela maneira de ser e de estar. Absorvi dele coisas que sempre me fascinaram e eu sempre disse que era assim que gostava de ser toureiro. Acho que é bonito termos inspiração, um toureiro é um artista. Essas maneiras que frisei partem de princípios e de várias coisas como por exemplo respeitar o toiro, o cavalo e o público, ser humilde, entre outras...
    Mas no próprio toureio também, pela classe de bregar e cravar ao estribo, e eu tentei sempre seguir estes bons exemplos do Maestro. Desde miúdo que ele foi sempre o meu ídolo e tive o grande privilégio de "beber água da Torrinha", o que me deu uma certa categoria e também sentido de responsabilidade enorme de honrar a grande universidade de onde já saíram grandes figuras do toureio a cavalo.

    Nesse sentido poderíamos até considerar que o Francisco anda a 'remar contra a maré', quando hoje em dia vemos a maioria (se não quase todos) os jovens mas também os mais antigos cavaleiros a optar por um toureio a cavalo que 'imita' muito o rejoneio, com os cavalos sempre de lado, muitas piruetas e ladeios, para chegarem mais facilmente também às bancadas... O Francisco pelo contrário é um jovem que, até ver, optou pelo toureio clássico e frontal. Isso dá-lhe mais alento e motivação? Sentir que quer marcar a diferença?
    Não critico quem o faz, até porque tem de haver gostos para tudo. Mas é natural, tudo evoluiu e a Tauromaquia também como é óbvio... Hoje não se toureia como se fazia há 50 anos, hoje existem mais facilidades, os toiros são puros, existe uma selecção e aprovação nas ganadarias, a equitação evoluiu muito, mesmo a qualidade do cavalo é melhor, houve mais selecção nas coudelarias também para "melhorar o padrão das raças".
    Eu optei por um estilo clássico e de verdade, que para mim é tourear de frente e cravar ao estribo, é assim que me identifico, é o toureio que levo na alma e é assim que gosto de tourear. Alguns aficionados hoje gostam de um toureio mais diversificado mas acho que tem que haver vários estilos e gostos para tudo. Tenho a perfeita noção que o meu tipo de toureio actualmente é mais difícil de chegar ao público mas como dizem os espanhóis "quando o toureio é bem feito até os chineses o entendem" e é verdade, acho que tudo o que é bem feito, é bonito, tem valor e as pessoas reconhecem. Temos um grande exemplo o Mestre Batista arrastava multidões e esgotava praças, não ladeava nem fazia piruetas com um cavalo mas metia ferros de praça a praça que assustava as pessoas.

    Existem muitos filhos de cavaleiros nas arenas, o Francisco não é um desses casos. Acha que se apresentam mais obstáculos a um jovem que quer ser cavaleiro e que não vem de uma dinastia? Ou crê que o 'tratamento' é igual?
    Nasci no seio de uma família bastante aficionada mas sem antecedentes taurinos, o que é muito mais difícil porque tive que criar tudo do nada. É óbvio que um cavaleiro de dinastia tem outros benefícios que lhes dão facilidades mas isso é também o que me dá bastante orgulho e "ganas" para seguir com este sonho.


    A sua apresentação em público aconteceu em Fevereiro de 2013, e este ano de 2015 prestou prova de praticante, já pensa na temporada de alternativa?
    Sinceramente não penso ainda. Acho que esse é um passo muito importante, quero que as coisas aconteçam naturalmente com o tempo e com maturidade, e só a quero tomar quando estiver realmente preparado.

    Como está a sua quadra para 2016?
    A quadra para 2016 está ainda em desenvolvimento. Tenho uma série de cavalos novos, dois deles em que deposito muita esperança mas vamos aguardar e ver o que realmente acontecerá.

    E o que podemos esperar do Francisco Parreira no próximo ano?
    Não gosto muito de falar sobre mim, prefiro que sejam as outras pessoas a falar mas trabalho todos os dias afincadamente e tento sempre aperfeiçoar-me cada vez mais. Tenho bastantes ganas e ilusão, vou esforçar-me sempre e dar o meu melhor em cada corrida, quanto ao resto, lá dentro da praça na hora é que se vê...