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    Crónica: "Na última de Alcochete - Faltou muita coisa mas houve coração"


    A última corrida da Feira Taurina de Alcochete continuou o registo das corridas anteriores, ou seja, encheu praça. Uma feira que se apelida de ser a do ‘toiro-toiro’, que continua a atrair muita gente às bancadas mas que este ano de toiro, diz-se que, deixou algo a desejar.

    Ainda assim, na que se realizou na noite de quinta-feira, emoção não faltou, careceu foi de pontaria afinada, de arrimo e de alguma ‘carninha’ nos toiros (uns é 8, outros 80, nunca nos damos por satisfeitos).

    O curro de Fernandes de Castro, desigual em apresentação, avacados, aliás demasiado ‘vaca’ mesmo de figura o que foi lidado como sobrero no final da corrida, que quase parecia saído para uma largada ali para as ruas da minha terra… Foram no geral animais que transmitiram, mesmo o ‘escorrido’ sobrero, pedindo contas aos artistas, sendo mais reservado o lidado em quarto lugar.

    Mas de toda a corrida apenas nos ficaram essencialmente dois momentos para memória futura, dois momentos em que houve coração!

    Um deles, o ter uma arena cheia de “50 anos” a pegar toiros. As bodas de ouro dos forcados do Barrete Verde de Alcochete, fizeram sentir desde as cortesias às pegas, toda a viagem no tempo deste meio século, com a história do grupo patente dos mais experientes aos menos calejados no Grupo… E houve coração para se consumar em solitário as seis pegas, com mais ou menos dificuldades mas honrando as Bodas de Ouro do Barrete Verde de Alcochete.

    Abriu a noite, Rui Gomes com uma pega rija até tábuas, aguentando-se e a consumar à primeira. Seguiu-se Gonçalo Figueiredo, com ajudas, e a dobrar César Nunes, que por duas vezes sofreu fortes derrotes com o toiro a partir cedo ao cite. O antigo cabo, João Salvação, efectivou à primeira valendo-se da força e poder dos seus braços. O actual cabo, Marcelo Lóia, também à primeira com uma grande pega e a provar mais uma vez ser um dos grandes forcados da actualidade. Daniel Santiago consumou à primeira um pegão, aguentando tanto e tanto, com um grande par de braços e duas voltas lhe foram concedidas. Finalizou a noite, Bruno Amaro à segunda e a dobrar Diogo Amaro, que ficou inanimado após fortes derrotes do toiro. Destacar ainda a intervenção do antigo cabo, Luís Cebola, fazendo o gostinho ao dedo a rabejar o terceiro toiro! Quem sabe, não esquece…

    O segundo momento para memória futura, em que se pôs também muito coração, tem um nome, ‘Viajante’. Quem lá esteve não pode subestimar qualquer um dos ferros que Luís Rouxinol deixou ao seu primeiro toiro (530 kg) montando a famosa égua, mas principalmente, não poderá esquecer aquele terceiro curto a favor da querença natural, a pouca distância, aguentando e… espectacular! Já nos três compridos que deixou com o Aquiles, Rouxinol abrira apetite para uma actuação séria, consistente mas que nos curtos se revelou acima de tudo, uma actuação com muita disposição da ‘Viajante’, que aguentou bastante e em curto na cara do toiro, para depois permitir ao seu cavaleiro a concretização correcta das sortes. Rematou ofício com um palmo e o tradicional par de bandarilhas de forma eficaz. No segundo do seu lote (490 kg), menos voluntarioso e desinteressado, Rouxinol resolveu a papeleta com a costumeira experiência e ‘savoir-faire’. Para isso fez uso, dos compridos aos curtos, unicamente do Douro, andando cumpridor, correcto e por cima do oponente.

    Francisco Palha teve noite para esquecer. E ambas as lides se resumem a uma disparidade na colocação da ferragem, demasiadas passagens em falso, alguns ferros falhados, toques nas montadas, quer perante o distraído segundo da noite (510kg) onde só lhe vimos mais correcção nos dois últimos curtos; quer perante o sobrero sem apresentação (430 kg), o que também acredito, ao vê-lo desmotive qualquer ‘figura’ do toureio…

    Jacobo Botero também ainda provou o gostinho ‘amargo’ da fatalidade que pode ser o toureio. Frente ao primeiro (580 kg), viu-se alguma irregularidade na colocação da ferragem, consentindo demasiada presença do peão de brega durante a lide. Já no que lhe tocou por segundo do lote, animal com melhores condições (485 kg), Jacobo andou com mais intenções de fazer as coisas bem feitas, pelo menos houve entrega e conexão com as bancadas, revelando também boas capacidades de algumas montadas, como é o caso do ‘Êxito’. Citou de largo, as sortes até foram bem desenhadas, ainda que depois fossem descuradas as reuniões, e tivesse consentido alguns toques, num deles com o toiro quase a passar por baixo da montada e com um ferro falhado.

    Uma corrida que, ainda não plena de resultado artístico, teve muito de coração: o valor e a união dos forcados do Barrete Verde e a raça da ‘Viajante’ e de Luís Rouxinol.