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    Opinião: "Eu não sei que tenho em Évora…"

    …que de Évora me estou lembrando! Mas diz que agora não se podem ver circos com animais na capital alentejana.

    Para quem não sabe, um grupo de cidadãos eborenses lançou uma petição intitulada "Fim dos circos com animais em Évora”, que foi entregue na Assembleia Municipal de Évora (AME), e a qual surgiu depois como proposta dos socialistas. Esta recomendação foi aprovada por maioria, com 15 votos favoráveis (PS, BE e PSD), 14 votos contra (CDU e PSD) e quatro abstenções (CDU e PSD). Ao que consta, a Câmara Municipal ainda não tomou posição sobre a matéria mas certo é que, como sempre, irá acatar todas as deliberações da AME, que pede que no espaço de seis meses se apresentem "as medidas necessárias para deixar de licenciar os circos com animais".

    De acordo com a página online da petição, a mesma contou com pouco mais de 400 assinaturas, muitas delas provavelmente de pessoas que não residem em Évora, nem no respectivo concelho, mas o suficiente para que desta forma influenciem a decisão de todos os outros eborenses, que agora se terão que contentar com as ‘macacadas’ dos animais que tenham em casa: cães, gatos, pássaros...

    Se é verdade que muitos animais sofrem nos circos? Provavelmente, e por isso é importante que haja uma legislação e uma vistoria que os proteja. Que se façam visitas aos ‘bastidores’, se vejam como os animais são tratados, alimentados, treinados… Mas da mesma forma, poderiam fazê-lo também em casa de algumas pessoas! Pois se é verdade que existem animais domésticos que também sofrem mal tratos, outros há que de tão ‘humanizados’, coitados, já nem se devem saber comportar de acordo com a sua espécie.

    E será que alguém já perguntou a estes animais ‘caseiros’ se são felizes com os donos que têm? Provavelmente os senhores da petição responderão que sim, com toda a certeza que o são! Pois para muitos dos signatários, os seus animais são os ‘filhos’ que nunca tiveram e em quem finalmente podem ‘mandar’. Escolhem-lhes a comida, só os deixam sair à rua quando querem, limitam-lhes as horas para as necessidades, castram-nos, deixam-nos sozinhos dias inteiros fechados em casa ou presos no quintal… Enfim, de liberdade também estes conhecerão muito pouco. Mas é o drama de ser animal ‘doméstico’!!

    Goste-se que não se goste, toda a vida os circos se fizeram representar de números com animais, e desde que bem tratados, não é crime que existam e se promovam com os mesmos. E serviria para este caso, como para tantos outros, a máxima “quem não gosta, que não veja”.

    Mas gostos à parte, o que mais me choca nesta decisão de proibir os animais nos circos em Évora, é, para além da passividade da restante população a quem possivelmente até faz diferença haver ou não animais no circo, a forma como cada vez mais se coloca o bem-estar animal à frente do bem-estar humano. Como se Évora não tivesse problemas sociais, de gente a passar fome, de famílias inteiras no desemprego…

    Mas falados que estamos de animais do circo – e fica o lembrete aos que agora pensarem montar tenda em Évora: mais vale que se desfaçam antes dos animais e os reencaminhem para o seu habitat natural, e estes lá que se façam à vida correndo riscos ou não de extinção, mas isso não interessa aos tais signatários, pois longe da vista longe do coração… - Situemo-nos pois, no motivo principal deste meu escrito: Seremos os próximos!

    Está provado que, basta uma simples petição, uma ‘recomendação’ e pufff!! Não, não se faz “Chocapic” mas impõem-se limitações no direito à liberdade de terceiros. E em Évora, aparentemente, os ‘pró-animais fora das gaiolas/metidos antes na cama com os donos porque são uns bebezinhos/anti-taurinos’ (sim, eles são todos os mesmos), manobram-se bem, principalmente os que nem de lá são naturais. E como tal, arrimados que estão com a história dos circos, poderão agora voltar-se para o objectivo existencial dos animalistas: terminar com as corridas de toiros!

    Pessimismo da minha parte? Não, precaução!

    Obviamente não acredito no fim da Tauromaquia, pelo menos a curto prazo, muito menos que venha a acontecer em Évora, capital alentejana, pois não esqueçamos que estamos a falar de uma região onde mais encontramos aficionados por metro quadrado… E de falta de público não se pode a Praça de Toiros de Évora queixar, que tem tido casas cheias esta temporada, mesmo quando coincidentes com jogos de futebol.

    Mas tendo em conta o caminhar da sociedade para uma ‘uniformização’ em nome daquilo que defendem ser ‘evolução’, e que a mim me parece mais um retrocesso e uma falta de respeito pelas tradições e características de um povo, não me espantaria que aos poucos, com uma medida aqui e uma medida ali, eles fossem ganhando terreno.

    E o que podem eles alegar contra nós?! O mesmo que falam sobre os circos?!

    O toiro de lide vive em liberdade no seu habitat natural, sendo tratado como um ’rei’ durante os anos em que permanece na ganadaria; são criados única e exclusivamente para esta função (ou seja, ainda que se faça consumo posterior nalguns casos da sua carne, não havendo corridas de toiros esta raça de lide correria riscos de existência); há toda uma série de burocracias e legislação que envolve as corridas e nas quais existe preocupação com bem-estar animal e que é seguida à risca; só não se vê diminuído o tempo entre a lide e a morte do toiro, porque a mesma não é permitida por lei na arena; em relação ao sofrimento animal pela cravagem dos ferros, existem estudos que indicam que por motivos hormonais, o toiro de lide acaba por suprimir o nível de stress e dor, caso único quando comparado com outras espécies; e quanto ao facto de considerarem as corridas um espectáculo violento e perigoso para as crianças, então aqui só pode ser sinónimo da maior ignorância deste Mundo.

    Toda a vida os pais levaram filhos aos toiros, toda a vida se transmitiram com frequência corridas na televisão e tenho a certeza que a boa educação das crianças e jovens de então, era muito superior àquela promovida pela ‘modernidade’ e ‘evolução’ na que vivem os jovens hoje em dia. Basta recuar 25-30 anos e ver a diferença entre os desenhos animados da altura e os de agora, onde tudo envolve armas, violência, confrontos entre uns e outros... Ou então, percam tempo aos fins-de-semana pela manhã a ver capítulos de séries infanto-juvenis, e onde por exemplo na segunda temporada de uma delas, a protagonista já vai no terceiro ou quarto namorado… E a isto, alguns chamam de ‘evolução’, eu diria que é mesmo ‘muito à frente’! Portanto, por aqui não podem pegar os anti-taurinos, que os maus exemplos não são dados pelas Corridas de Toiros, muito pelo contrário!

    Mas que eles hão-de achar motivos, mais não seja nova petição de 400 assinaturas, isso, eles arranjarão, tudo para tentar levar o tema a conversa…mesmo que não dê em nada: “Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.

    Portanto, eu de facto não sei o que tem Évora mas animais no circo parece que já não terá.

    E nós aficionados dos toiros…estejamos alerta!!


    Por: Patrícia Sardinha