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    Foto-Reportagem da Feria Taurina de Olivenza

    Texto e Fotos de: Patrícia Sardinha

    Em Março:
    OLIVENZ(Ç)A não é espanhola nem portuguesa
    É DO TOUREIO e é do Mundo

    Quando o ano vai no primeiro dia, pela cabeça da maioria dos aficionados passa o pensamento “já falta pouco para Olivença”. Uns reclamam-na portuguesa, na verdade é hoje espanhola, mas quando chega a sua Feria Taurina de Março, Olivenza não é da Península, Olivenza é do Mundo, pois junta na sua praça de toiros aficionados de postín de diversas nacionalidades.
    Este ano, aquela que é já considerada das Feiras mais importantes de Espanha a marcar o início de temporada, não pôde viver a sua plenitude, com um dos festejos, a corrida matinal de domingo, a ser anulada pelo mau tempo. Mas ainda assim, este fim-de-semana em Olivenza respirou-se afición e toureio do bom.



    Sexta-Feira, 11 de Março
    Novilhada: CERRO em ombros

    A chuva avisou que vinha para ficar logo no primeiro dia de Feria e por isso a novilhada teve o seu início com meia hora de atraso e perante meia casa.
    Frente a complicados novilhos de Herds. de Bernardino Piriz, lidaram os novilheiros Jesús Díez “Fini” que andou esforçado mas não teve sorte com o seu lote; Fernando Adrián que deu nas vistas principalmente no segundo do seu lote, mas que a má sorte a matar lhe quitou os troféus; e Rafael Cerro, o triunfador do festejo, que demonstrou muito saber e ofício e por isso logrou o corte de uma orelha em cada novilho estoqueado.


    Sábado, 12 de Março
    1ª Corrida de Toiros: PA’LANTE…Morante e Talavante

    A corrida de sábado desde o seu anúncio que estava marcada com o selo da magia, prevendo-se que, se houvesse matéria, poderia despoletar arte no seu estado mais pinturero. Com um ‘no hay billetes’, toiros de Nuñez del Cuvillo e perante Morante de la Puebla, Miguel Ángel Perera e Alejandro Talavante, pudemos gozar de toureio grande.



    Mesmo que a chuva não tivesse aparecido logo no início da primeira actuação, pouco haveria para desfrutar do que fez Morante ao primeiro da tarde, um manso que fugia para tábuas, de investidas escassas e com que o matador não perdeu muito tempo, encurtando actuação. Já no segundo do seu lote, roçámos a felicidade, porque Morante de la Puebla destilou perfume com o seu toureio de arte. Se de capote evidenciou leveza, com a muleta a profundidade das tandas, tanto pela direita como pela esquerda, foram meritórias de entoados olés e de duas orelhas.



    Miguel Ángel Perera não teve muita sorte com o seu lote, nem com a chuva. No seu primeiro até teve matéria para exprimir o seu toureio templado, começando de muleta como tantas outras vezes, com os estatuários, cambiados por trás e pela frente, seguindo-se uma faena valorosa. Mas, para além da chuva que quis ser protagonista do momento, faltou transmissão ao toiro para que o resultado culminasse em mais do que uma ovação. O segundo do seu lote saiu bonito, mas atirou-se com tantas ganas a um burladero, que partiu um piton e foi devolvido. Falta de sorte para Perera porque o sobrero, ficava sem mãos cada vez que passava na muleta e voltou a não permitir ao extremenho, o luzimento de anos anteriores. Ainda assim estendeu a sua actuação, como se esperasse com isso virar a sorte, mas sem efeito.


    Alejandro Talavante quebrou em Olivenza o enguiço de outros anos. Entregou-se com grande arrimo na primeira actuação, compondo a faena entre derechazos arrastados, circulares invertidos e naturais expressivos até esgotar a rês que se foi a menos. Na hora de matar, o seu calcanhar de Aquiles, suspendeu-se a respiração em toda a praça, mas Talavante superou-se. Uma orelha lhe valeu.  No último da tarde, Alejandro Talavante voltou a exibir-se de um toureio de arrimo, frente a um toiro que inicialmente tinha uma investida irregular mas que o extremenho foi ‘dobrando’, com suavidade, deliciando as bancadas com o seu toureio. Voltou a estoquear bem. Duas orelhas.

    Saída em ombros de Morante e Talavante numa tarde de magia.



    Domingo, 13 de Março
    2ª Corrida de Toiros (Matinal): Pela Manhã…

    A chuva e o povo foram mais fortes e impediram que se realizasse a corrida matinal onde estavam anunciados toiros de Zalduendo e os matadores Juan Mora, Enrique Ponce e Cayetano Rivera. Da vontade da empresa e dos matadores havia disposição em prosseguir com a corrida, mas não havia condições e antes que a corrida fosse suspendida quando já algum toiro tivesse saído ao ruedo, pediram as bancadas que o fosse sem sequer  começar o paseillo.




    3ª Corrida de Toiros (tarde): FERRERA e um(a) (Garci)GRANDE Tarde de Toros

    Depois de uma manhã de suspensão e de um largo compasso de espera, o mau tempo deu tréguas e o sol até espreitou, talvez porque soubesse que um Mosquetero estava predestinado à vida em Olivenza e o quisesse presenciar.
    Mas antes de iniciar a crónica, convém primeiro louvar o labor dos areneros, que antes e depois de cada corrida tiravam e colocavam as lonas negras que cobriam a arena e protegiam o ruedo de inundações certas e ainda colmatavam as falhas com areia, para que o ‘palco da arte’ estivesse em condições para um espectáculo de qualidade.



    A tarde estava predisposta para António Ferrera. A sua praça, a sua terra, os seus aficionados e dois bons toiros de Garcigrande. Quando ‘Peludo’ saiu, podíamos ter adivinhado que o toiro tinha tanto de bom como de tamanho. O matador, que andou sempre vistoso de capote e exibicionista nas bandarilhas, impôs mando com a flanela, dando distâncias, sem baixar muito a mão porque assim não o podia o toiro. Uma orelha lhe valeu, com petição da segunda mas que não foi suficiente para comover a presidência. Mas se ‘Peludo’ era grande, ‘Mosquetero’, de número 23, foi enorme. E bem dizem que um bom toiro destapa um mau toureiro, porque só um bom toureiro para revelar um grande toiro. Ferrera foi destapando de todas as maneiras o toiro que tinha pela frente, para que dando-o a conhecer, lhe pudesse salvar a vida. Sempre fixo na muleta, humilhava que alegrava, roçando o ‘morro’ pela areia, em passes redondos, lentos e profundos. Sem nunca se negar, durou e duraria mais ainda, não fosse o indulto que Ferrera lhe permitiu e aficionados e presidente concederam. Ferrera era um homem satisfeito e de alma cheia no final. Regressara à sua praça depois de um ano de ausência e tinha dado a ‘bofetada de luva branca’. Duas orelhas e rabo simbólicos.



    Julian López “El Juli” teve como primeiro do seu lote, um toiro com menos presença, brusco quando passava na muleta, mas que o madrileño moldou, colocando-se recto ao pitón, crescendo a faena a cada muletazo. Logrou uma orelha. No seu segundo teve mais uma faena de mérito frente a um toiro mais reservado e de pouca transmissão a quem tinha que provocar as investidas, conseguindo assim tandas profundas. Aqui constata-se o caso que toiros maus ou menos bons, revelam grandes toureiros. Outra orelha.



    José Maria Manzanares é dono de um toureio muito expressivo e no seu primeiro evidenciou toda a classe toureando com a mão baixa, levando lenta a investida do toiro, que apesar de muito voluntarioso, lhe faltavam as mãos, provavelmente consequência de uma pirueta. Mas aqueles muletazos profundos, dobrando o toiro à volta do seu corpo, colmataram todas as falhas. Na hora de matar, recebeu o toiro e foi uma lástima que pinchasse. Uma orelha com petição da segunda. No seu segundo e último da corrida, voltou a exibir-se de suavidade nas tandas, citando de largo, mas com este toiro havia que estar-se ‘con ojo’, porque se virava pronto a cada passe, sempre pendente de gestos e sons, cruzando várias vezes o corpo do toureiro com os pitons, tendo Manzanares sofrido ainda uma voltareta. O valor e a serenidade valeu-lhe outra orelha.

    Saída em ombros para os três matadores. Uma tarde plena…e um Mosquetero de regresso à vida.



    Veja mais fotografias da Feira Taurina de Olivenza da autoria de Pedro Batalha aqui no Naturales.