Alternativa de Luis Rodriguez e apresentação dos Forcados Mexicanos Mazatlán
Campo Pequeno, 19 de Agosto de 2010
Fotografia
Por: Pedro Batalha
Crónica
Por: Patrícia Sardinha
De vez em quando manda o toiro
Vídeo
Cortesia de: Banda do Samouco
Fotografia
Por: Pedro Batalha
Crónica
Por: Patrícia Sardinha
De vez em quando manda o toiro
Costuma dizer-se que "Deus põe, o Homem dispõe e o Toiro descompõe" nada mais certo. Infelizmente hoje em dia, o Homem geralmente dispõe do toiro que o próprio ‘compõe’ e é ver-se nas praças autênticos animais mecânicos, que muitas vezes nem de apresentação abonam e que se prestam a conceder triunfos fáceis, muito também por culpa do desconhecimento taurino das bancadas. De vez em quando aparece um curro de toiros mais rijo, mais incómodo e nessas alturas não aparecem as Figuras, mas sim aqueles que procuram oportunidades e triunfos em praças de maior peso e o problema é que depois nem sempre conseguem fundamentar presença, pela dureza do toiro, pela responsabilidade da praça ou simplesmente pela ausência de valor.
Para o passado dia 19 de Agosto no Campo Pequeno montou-se um cartel com seis cavaleiros dos mais novos ou de menos rodagem, para assim se justificar que se dá oportunidade a todos e de uma vez arrumou-se logo meia dúzia na mesma corrida. A desvantagem é que neste tipo de cartéis, os ‘jovens valores’ têm apenas uma única oportunidade, frente a um toiro, de demonstrarem o que valem, quando depois, outros cartéis há, em que cavaleiros consagrados toureiam dois e três toiros, como se a esses é que fizesse falta render o peixe. Esta corrida demarcava-se ainda, por ser a de alternativa do cavaleiro venezuelano José Luis Rodriguez e por um concurso de pegas entre os grupos de Mazatlán (México), Alter-do-Chão e Beja.
Os toiros de Manuel Coimbra tiveram no geral boa apresentação, foram colaboradores, apesar de reservados e algo incómodos, tendo sido duros nas pegas.
José Luís Rodriguez depois de uma modesta cerimónia de alternativa em que Sónia Matias foi madrinha, abriu a noite frente a um toiro com 566 kg e sinceramente não convenceu. O cavaleiro não entendeu, do princípio ao fim, o toiro que lhe tocou, raramente preparando as sortes, sem se fixar nem fixar o toiro, cravando desajustadamente. Dar-lhe-íamos o desconto do peso da praça, dos nervos do ‘exame’, dos cavalos emprestados…mas para uma alternativa, pretende-se mais.
Sónia Matias começou bem a sua função frente a uma rês com 522 kg, correcta nos compridos, agradou pelos dois bons primeiros curtos que cravou, partindo de frente e indo acima do toiro. Andou cheia de garra, entusiasmou-se e acabou por pecar no terceiro curto ao abrir demasiado a sorte acabando por falhar o ferro. Depois de corrigido e montando o Atrevido, a cavaleira atreveu-se a cravar um ferro violino que caiu. Volta a bisar na sorte, desta vez com mais sucesso, rematando com piruetas que chegaram facilmente às bancadas. Finalizou com um ferro de adorno numa actuação que deixou ambiente.
António Brito Paes teve pela frente o toiro menos complicado da noite, com 520 kg e por isso inspirou-se para se exibir e assegurar no que pareceu uma actuação grande. Preparou bem as sortes, andou com disposição, fez vibrar as bancadas quando nos remates levava o toiro trincheira fora colado ao cavalo, mas faltou maior ajuste nas reuniões.
Paulo Jorge Santos teve uma actuação de menos a mais frente a um toiro com 520 kg. Irregular na ferragem comprida, nos curtos esteve por cima do oponente, que reservado fez com que o cavaleiro tivesse que apertar e ir a terrenos de tábuas deixar os dois últimos curtos com que se destacou. Contudo faltou romper.
Manuel Telles Bastos teve pela frente um toiro com 598 kg a quem faltou entrega, mas que ainda assim permitiu momentos de bom toureio ao jovem cavaleiro. Desacertado nos compridos, bom o terceiro ferro, nos curtos Manuel Telles Bastos evidenciou toda a classe característica da Torrinha e foi estabelecendo ligação com a rês, citando e partindo de frente deixando a ferragem da ordem. Destaca-se o terceiro curto com o cavaleiro recto e a ir acima do toiro. Pena um toque na montada já no final da actuação e apesar de bons pormenores, a actuação passou discreta à maioria.
Duarte Pinto teve o toiro mais complicado, com 510 kg, que não comparecia no momento da reunião, justo de forças, mas que evidencia a máxima “de que nos toiros difíceis é que vêem os grandes toureiros”. Irregular na ferragem comprida, nos curtos armou-se de paciência para o toiro e para o director de corrida que não teve o critério de lhe conceder música nem que fosse pelo labor do cavaleiro. Partiu recto para o primeiro curto, passo a passo, aguentando e quando o toiro correspondeu resultou enorme. Bisa na sorte, mas falta cavalo e falta toiro e quando repete e lá consegue cravar resulta pescado, assim como o terceiro. A actuação pecou pelas demasiadas passagens, mas quando havia toiro e quando sem medos se fazia à cara dele, os ferros resultavam, foi assim com o quarto e quinto curto. Deixou sabor no Campo Pequeno, Duarte Pinto, a pedir mais oportunidades sérias.
Para um concurso de pegas ficaram todas aquém do mediano. Se houve toiro a mais para os forcados?! Os toiros complicaram mas creio que até para muitos dos grupos ‘grandes’, não seria noite fácil. A verdade é que foram os mexicanos que levaram o prémio, ainda que sem grande mérito, porque na verdade, não houve uma única pega perfeitamente executada. Pelo grupo de Mazatlán pegou Alejandro Sequeira que arrecadou o troféu em disputa numa pega sem complicações, mas a verificar-se um bom trabalho do grupo; e Carlos Tirado à terceira já com ajudas depois de não aguentar a brusquidão do toiro. Pelo grupo de Alter pegou João Lopes à terceira com ajudas carregadas depois de duas tentativas violentas sem se fechar; e Elias Santos também à terceira já muito ajudado e bem, coisa que não se viu nas tentativas anteriores. Pelo grupo de Beja pegou Ricardo Soares à terceira, frente a um toiro que não complicou nada, mas que por duas vezes o forcado não reuniu bem; e Hugo Santana a dobrar José Falcão, à terceira com ajudas.
Dirigiu a corrida o Sr. Lourenço Luziu assessorado pelo veterinário Matias Guilherme numa noite em que a praça registou mais de meia casa e em que os toiros puseram muita gente no sítio. Pena que muitas das ditas figuras com estes não se queiram por em praça também, mas esses 'compõem' os toiros que querem lidar.
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Cortesia de: Banda do Samouco